Após um mês do apagão na Europa, causa é apontada e reforça alerta sobre ataques cibernéticos
Especialista destaca o crescimento das ameaças digitais, os setores mais visados e os cuidados que cidadãos, empresas e governos devem adotar para reduzir riscos
Após 30 dias do apagão que atingiu parte da Europa, a causa principal do incidente foi apontada, mas o caso reacende o alerta sobre ataques cibernéticos, trazendo à tona o debate sobre a segurança digital de serviços essenciais, como energia, transporte, saúde e comunicação, além de empresas em geral, que também estão vulneráveis a esse tipo de ameaça.
A origem do apagão foi uma queda abrupta de energia em uma subestação em Granada, na Espanha. Houve uma perda de 2,2 Gigawatts (GW) de geração de eletricidade em segundos, informou a ministra da energia Sara Aegesen. Essa queda desestabilizou o sistema elétrico interligado da Península Ibérica, causando um colapso em cascata que afetou Portugal, Espanha, Andorra e algumas áreas do sudoeste da França. Embora a causa oficial não tenha sido um ataque cibernético, o incidente reforça a necessidade de vigilância constante.
Segundo o jornal El País, o Instituto Nacional de Segurança Cibernética da Espanha (Incibe) ficou responsável de investigar se a falha no fornecimento de energia não tinha sido causada por uma ação criminosa. Especialistas alertam que incidentes como esse revelam a crescente sofisticação das ameaças virtuais e os riscos de ataques a essas infraestruturas, com potencial para causar graves danos.
Para o diretor de tecnologia da Hostweb, João Victor Moreira, o cenário global exige atenção constante. “Estamos vendo uma evolução nos métodos de ataque. Não se trata mais apenas de roubo de dados, mas da possibilidade real de paralisar serviços essenciais. A guerra cibernética já é uma realidade silenciosa”, aponta.
Ataques como ransomware, phishing, sequestro de dados e negação de serviço (Distribuem Denial-of-Service) estão entre os métodos mais utilizados pelos cibercriminosos. Nesses casos, as ações exploram vulnerabilidades em sistemas desatualizados ou mal configurados, com o objetivo de sequestrar dados, paralisar operações, extorquir recursos financeiros ou até mesmo obter vantagens estratégicas em disputas geopolíticas.
Empresas de todos os portes podem ser alvo de ataques, mas instituições públicas e setores estratégicos se destacam como principais focos de criminosos. “Infraestruturas críticas, como as redes elétricas ou telecomunicações, são especialmente sensíveis. Um ataque bem-sucedido pode afetar milhões de pessoas e comprometer a soberania de um país”, ressalta João Victor.
A prevenção passa por uma combinação de tecnologia, protocolos de segurança e capacitação de equipes. Firewalls, autenticação multifator, monitoramento contínuo e políticas de backup são indispensáveis, mas não suficientes. É fundamental também promover treinamentos regulares para os colaboradores da iniciativa privada ou da esfera pública, criar uma cultura de conscientização cibernética e realizar testes de vulnerabilidade e simulações de ataque para identificar e corrigir brechas antes que elas sejam exploradas.
Na esfera pessoal, João Victor destaca a importância de adotar hábitos simples, mas eficazes, para proteger as informações digitais. “A dica é desconfiar sempre: não clicar em links suspeitos, usar senhas fortes e ativar autenticação de múltiplos fatores. Essas ações já fazem uma grande diferença na proteção digital”, orienta João.
O futuro da segurança digital está diretamente ligado à adoção de tecnologias de mercado, que possuem inteligência artificial embarcada e análise preditiva, capazes de antecipar comportamentos suspeitos para reagir com rapidez e precisão em tempo real. No entanto, avanços técnicos precisam caminhar lado a lado com regulamentações eficazes, investimento público e cooperação entre países e setores. Em um mundo cada vez mais conectado, a cibersegurança não é mais uma escolha, é uma condição essencial para a estabilidade social, econômica e institucional.
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